O som alto da trigésima alguma EAPIC (talvez Exposição Agropecuária do Interior e Capital[?], mas quem sabe?) continua em riff´s elétricos e solos arpejados do guitarrista da maior banda de rockn´n roll sertaneja, o Edson e Hudson. Isso porque de fato o é: disfarçados de cowboys, o duo Edson e Hudson encabeça a banda que possui as melhores passagens de rock em seu repertório.
O que me fez lembrar que a situação derrotada em que o rock anda no país, como talvez sempre fora um tanto catastrófica, ao ouvir a apresentação de uma dupla sertaneja que canta "azul como o mar, azul" e achar que aquele guitarrista é um dos melhores executores que ouvi nos últimos tempos.
E não é com crítica revoltadinha, menos ainda pelo fato do sertanejo não me atrair em nada; com um pesar de não se poder comprar mais um cd nacional - nem baixar na internet - e encontrar nele satisfação verdadeira do começo ao fim. Amigo meu disse que desde que "tiraram a velocidade das músicas" as coisas não andam boas. Concordo com ele. Um tanto preconceituoso, é verdade, culpo também a música eletrônica e a experimentação, que têm sido tão perseguidas na composição musical, assim como também culpo as variações e aglutinações que geram estilos híbridos que se desgastam rapidamente, como o samba rock ou o reggae soul. Mas aí já estou culpando tudo de forma tão generalista e sem justificar porquês. Porém, utilizei-me do argumento em seu todo pra chegar justamente aqui: culpo, em primeira escala, a questão do bom gosto [e do bom senso, é claro].
Perdemos [perdeu-se] o bom gosto pelas boas coisas, o senso crítico, a exigência, e aí nos produzem sempre mediocridades as quais, por deixarmos nossos filtros cada vez mais largos, consumimos, ainda com prazer. Decerto que, como sempre, há no meio da lambança coisas boas que nos divertem e entretêm, ainda que as mensagens sejam tão pouco convidativas e suas temáticas menos interessantes.
O volume de produção hoje é duzentas vezes maior que aquele dez anos atrás. Aliás, a partir do final dos anos 2000 a situação musical vem piorando gradativamente. Se a qualidade não fosse tão boa, ao menos havia certa expressividade de grupos de rock, que ainda participavam de atrações como o Domingão do Fausto e até o Domingo Legal. Assim, havia bandas razoavelmente boas de rock - adolescentes, sem dúvida - que iam na TV, em especiais, e você até esperava com ansiedade pra ver o show na sua cidade.

Agora penso que talvez esteja me contradizendo. Explico por quê.
Me veio à cabeça que a capa da revista Rolling Stone do mês passado (acho) foi a banda NX Zero, com seus integrantes todos peladinhos, uma das maiores representantes do rock brasileiro(?), ou melhor, do emo, do indie, que nada mais são que as formas de expressão do rock com relevância comercial de hoje em dia por aqui. Enfim, talvez toda essa dissertação seja simplesmente uma questão singular de bom gosto mesmo. De gerações. Do fato da nossa geração ser fruto de questões sociais diferentes da geração 2000. De um tempo em que a digitalização é linguagem. Por isso nossa aversão a essas novas bandas, esses novos produtos musicais e esse rock transfigurado que se tem. Que já nem parece rock.

E eu não tenho idéia de quem seja o Edson, ou o Hudson.